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Situação atual da educação japonesa

Como está o sistema de educação do seu país? Quais são os pontos positivos e os pontos negativos? A educação que recebemos tem sido suficiente? Nesse artigo trataremos sobre a educação. Pra começar, irei fazer uma explicação sobre o sistema de educação japonês e a situação atual, e depois disso pensem sobre a educação do país de vocês.

O sistema de educação japonês é composto pelo sistema: 6-3-3-4. São 6 anos de ensino infantil, 3 anos de ensino fundamental, 3 anos de ensino médio e 4 anos de ensino superior. Sistema usado tanto pelo ensino privado e o ensino particular, e é obrigatório ter terminado os estudos pelo menos até o ensino fundamental, porém, a partir do ensino médio não há a obrigatoriedade. Entretanto, a taxa de quem vai para o ensino médio é de 98%, e por isso o número de pessoas que não concluem o ensino médio é bem pequeno. A taxa de ingressos no nível superior é em torno de 50%, mas a taxa de alunos do ensino médio que ingressam em um curso profissionalizante ou em um “tecnólogo” são em torno de 80%. O número de pessoas que avançam nos estudos no Japão pode até ser alto, mas a situação atual possui muitos problemas, especialmente os mencionados abaixo:

1. “Meritocracia Acadêmica” e a “Competição do Vestibular”

2. “Bullying” e “vadiagem”

3. “Estudar compulsivamente” contra “estudar sem pressão”

A “Competição do Vestibular” é um termo utilizado para descrever o que ocorre entre os vestibulandos/prestadores de um exame, que pretendem entrar numa escola ou em uma faculdade e é praticamente como uma “guerra”. Um exame escolar normalmente só pode ser feito uma vez ao ano. Os estudantes frequentam o pré-vestibular após a escola, e estudam dedicadamente para que pelo menos tenham a chance de ingressar no nível superior. E são muitos estudantes do ensino médio que falharam e tentam mais uma vez para poderem ingressar na faculdade. O termo “rounin”, que fora usado por muitos samurais que não tinham esposas (ou senhorio), foi adotado pelos estudantes que tem a esperança de entrar numa faculdade. E além disso, há expressões para descrever a solidão dos estudantes, e uma delas são: “yontougoraku” (dormir 4 horas e passar, dormir 5 horas e falhar) e “jukenjigoku” (inferno de realizar o teste). Significa que os “primeiros” conseguirão passar dormindo apenas 4 horas, enquanto os que dormem 5 horas ou mais vão falhar; e os “últimos” vão sofrer como no inferno. Os familiares desses alunos também sofrem com a pressão. Como por exemplo: Ter que evitar de assistir televisão, preparar a refeição tarde da noite para que o filho possa estudar até de madrugada e deixar um ambiente confortável para os estudos. E além disso, tomar cuidado para não usar palavras como “escorregar” e “cair” pois isso traz má sorte, e ir ao templo do “deus dos realizadores de provas” e também rezar para passar.

Por que será que “nasceu” esse tipo de situação relacionada à prestação de exames no Japão? A “Meritocracia Acadêmica” é uma das razões a serem mencionadas. No Japão, as pessoas que se formaram em uma boa faculdade conseguem procurar emprego facilmente em boas empresas, conseguem subir na posição de status social rapidamente e tendem a conseguir ganhar ótimos salários. Por outro lado, as pessoas que não vieram de uma boa faculdade ou nem mesmo foram a uma faculdade, não importa o quão hábil seja, não obterão o reconhecimento de suas habilidades. Em outras palavras, a “Meritocracia Acadêmica” significa que dependendo da escola onde a pessoa se formou a vida dela é decidida pela sociedade, o futuro de entrar em uma boa faculdade e a alta possibilidade de ser feliz, também são ditadas pela sociedade. Devido a toda esta situação os pais colocam os seus filhos no preparatório escolar e tentam fazê-los entrar em uma boa faculdade particular mesmo sem prestar o vestibular. As estatísticas do MEXT no ano de 2008 relataram que por volta de 37% dos alunos do ensino infantil, 62% do ensino fundamental e 43% do ensino médio aparentemente estão frequentando o preparatório escolar.

Enquanto existe esta situação, há muitos japoneses que não consideram a educação boa nos dias atuais. Há muitas pessoas preocupadas com o fato das crianças estarem muito ocupadas com os estudos da escola e do preparatório, de não brincarem muito e serem julgadas somente pelo histórico escolar. No japão era de costume quase todos os ministros virem da Universidade Toudai, mas recentemente se tornou comum virem de outras universidades também. É provável que muitos aceitem isso porque nunca pensam na “Meritocracia Acadêmica”. O segundo problema é o bullying e a vadiagem escolar. O problema do bullying é terrível pois há crianças que até mesmo chegam a se suicidar. A vadiagem ocorre quando a jovem sofre bullying e não consegue acompanhar a escola, e acaba não podendo ir mais. A origem desse problema é complexa, mas para a sociedade japonesa o indivíduo deve ser igual as outras pessoas e pensa que ser diferente é algo ruim, e normalmente a origem também vem devido a pressão do vestibular.

A partir dos problemas mencionados acima foi decidido então adotar o sistema “Yutori”, que começou nos 80 para tentar corrigir o sistema de educação do Japão. Entretanto, isso acabou se tornando um problema ainda maior. O sistema Yutori que começou a ser pensado como um sistema de educação que faz os jovens amadurecerem sem pressão, fazendo contraste com sistema que visava aumentar o padrão de notas escolares, acabou deteriorando o nível escolar dos alunos. O sistema de educação que antigamente era de alto nível se tornou muito baixo nos dias atuais, e do 4° lugar na Ásia passou para a posição de 5° lugar no ranking. Devido a diminuição do conteúdo ensinado nas escolas pelo sistema Yutori, os jovens que receberam essa educação produziram um fenômeno que significa não saber coisas comuns que todos deveriam saber. Por exemplo, a circunferência de pi é 3.4 mas no sistema Yutori foi ensinado que está tudo bem memorizá-lo até 3. Diante disto, os pais que se preocuparam com a depreciação do ensino acham que não é possível depender apenas do ensino obrigatório para que seus filhos passem numa boa universidade, e começaram enviar os seus filhos para o preparatório. Poderia se dizer que é um ciclo vicioso. Por isso foi decidido fazer uma correção no sistema Yutori em 2007 e discutir os métodos do novo ensino pelo MEXT.

Há muitos problemas, porém há muitos pontos bons como foram mencionados acima. Isso ocorre entre os cidadãos do Japão, com qualquer pessoa, não importa onde more, em qualquer situação, e em outras palavras, todos recebem o ensino obrigatório. Apesar da língua japonesa ser muito difícil, quase não há japoneses que não conseguem ler e escrever, e o número de pessoas que não conseguem fazer cálculos é próximo de 0%.

Além disso, todos os livros que são usados pelo sistema obrigatório de educação recebem a aprovação oficial do país, e o ensino básico que é recebido pelos cidadãos do Japão não há distinção entre o lugar onde moram. Qualquer pessoa poder receber o mesmo nível de educação é um ponto incrível do sistema de educação japonês. Há muitos problemas, mas talvez possa se dizer que o nível é alto.

O problema da educação é um dos desafios mais difíceis de qualquer país, e parece que é impossível de encontrar uma solução. Aproveitando pra falar, se vocês fossem corrigir o sistema do país de vocês, apontando os pontos bons e ruins, como fariam para solucioná-los?

Fonte: Livro Joukyuu no Tobira - Capítulo 9 日本の教育の現状

Tradução: Lucas Araújo